Por: Fábio Costa

Uma solene advertência bíblica e histórica aos líderes religiosos da atualidade.

Estão brincando com fogo (E é fogo consumidor) hebreus: 12:29 

Parte 2.

 

Para uma plena compreensão do conteúdo deste artigo é fundamental a leitura da primeira parte encontrada também nesta página.

 

O evangelista Lucas relata uma impressionante profecia proferida por Jesus poucos dias antes de sua crucificação:

 

“20 -“Quando virem Jerusalém rodeada de exércitos, vocês saberão que a sua devastação está próxima.

 

21- Então os que estiverem na Judéia fujam para os montes, os que estiverem na cidade saiam, e os que estiverem no campo não entrem na cidade.

 

22- Pois esses são os dias da vingança, em cumprimento de tudo o que foi escrito.

 

23-Como serão terríveis aqueles dias para as grávidas e para as que estiverem amamentando! Haverá grande aflição na terra e ira contra este povo.

 

24- Cairão pela espada e serão levados como prisioneiros para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos deles se cumpram”.

Lucas 21:20-24

 

 

41- Quando se aproximou e viu a cidade, Jesus chorou sobre ela

 

42- e disse: “Se você compreendesse neste dia, sim, você também, o que traz a paz! Mas agora isso está oculto aos seus olhos.

 

43- Virão dias em que os seus inimigos construirão trincheiras contra você, e a rodearão e a cercarão de todos os lados.

 

44-Também a lançarão por terra, você e os seus filhos. Não deixarão pedra sobre pedra, porque você não reconheceu o tempo em que Deus a visitaria”.

Lucas 19:41-44

 

 

 

 

 

Cerca de 40 anos após a crucificação e ressurreição de Cristo, essas profecias se cumpriram ao pé da letra. Jerusalém foi sitiada pelo exército romano para conter uma revolta que teve início no ano 66 dc. O General Tito, que mais tarde tornou-se imperador, instalou 4 legiões (cerca de 70 mil soldados) ao redor dos portões da cidade em um cerco que durou 7 meses e trouxe calamidades sem precedentes para a nação escolhida que rejeitara o seu Messias. Como nos dias de hoje, muitos dos líderes religiosos daquela época, através de sua má conduta e falsas doutrinas, produziram um povo incrédulo e de coração fechado que não soube reconhecer a manifestação suprema de Deus entre os homens em seus dias, trazendo sobre si mesmos e sobre toda a nação dolorosas consequências e tribulações.

 

Eusébio, Bispo de Cesaréia e historiador, falecido no ano 339 dc, relata  em seu livro “História Eclesiástica” alguns detalhes do que ocorreu antes do banho de sangue perpetrado pelos Romanos em Jerusalém.

 

 Naquele tempo, líderes religiosos inescrupulosos pervertiam e enganavam o povo miserável, de modo que nem percebiam, nem davam crédito aos sinais, que Deus em sua misericórdia enviou como último aviso antes da grande desolação profetizada por Cristo. Seguem os sinais registrados por Eusébio:

 

1-Um astro que se deteve sobre a cidade, semelhante a uma espada de dois gumes e um cometa que durou um ano inteiro.

 

2-Durante a celebração da Festa dos Pães Àzimos ás 3 horas da manhã, brilhou sobre o altar do Templo uma luz semelhante ao raiar do dia. A luz durou meia hora e o povo interpretou como um bom sinal da parte de Deus.

 

3-Na mesma festa, uma vaca, que o Sumo Sacerdote conduzia ao sacrifício, pariu um cordeiro no meio do Templo.

 

     4- A Porta Oriental do Templo, que era de bronze, e que havia sido fechada ao anoitecer com dificuldade por vinte homens, que a trancaram solidamente com ferrolhos presos com ferro, além de ter gonzos profundos, abriu –se sozinha, também ás 3 horas da manhã.

 

    5- E o mais terrível dos sinais relatados por Eusébio: Um homem chamado Jesus, filho de Ananias, homem simples, camponês, poucos anos antes do massacre, quando a cidade desfrutava de paz, prosperidade e esplendor, veio para a festa da páscoa e começou a gritar pelo Templo: “ VOZ DO ORIENTE, VOZ DO OCIDENTE, VOZ DOS QUATRO VENTOS, VOZ SOBRE JERUSALÉM E SOBRE O TEMPLO, VOZ DOS RECÉM CASADOS E CASADAS! VOZ SOBRE TODO O POVO! Dia e noite gritava essas palavras pelos quatro cantos e vielas de Jerusalém. Alguns nobres e poderosos, incomodados com os gritos incessantes do homem, mandaram prendê-lo e açoitá-lo. Os líderes religiosos tomaram partido e o acusaram de estar endemoninhado.

Conduziram-no até o procurador Romano, Lucius Albinus, que ocupou o cargo do ano 62 até o ano 64 dc.

Albinus mandou açoitá-lo com o flagrum, açoite romano que era um chicote de couro com 3 extremidades equipadas com bolas de metal e ossos de carneiros, (O mesmo açoite usado em Cristo). Ali, dilacerado pelas chibatadas, não derramou sequer uma lágrima, mas somente repetia sem parar as palavras: “Ai, Ai DE JERUSALÉM”.

 

Então, Eusébio, citando o Livro V das histórias de Flávio Josefo, prossegue sua narrativa sobre a terrível fome que se abateu sobre Jerusalém resultante do cerco romano:

 

“ Muitos davam secretamente seus bens em troca de uma medida de trigo se eram ricos; de cevada se fossem pobres. Trancavam-se no mais oculto de suas casas e, impelidos pela necessidade, uns comiam o trigo cru, outros tiravam do fogo a comida ainda não pronta e a devoravam. Os mais fortes tomando tudo e os fracos lamentando-se.

 

A fome excede todos os sofrimentos, mas nada ela destrói mais do que o senso de dignidade humana. Assim, as mulheres tiravam os alimentos da própria boca dos maridos, os filhos da de seus pais e, o que é demasiado lamentável, as mães das bocas de seus filhos, e enquanto os seres mais queridos se consumiam, nada os refreava de tirar-lhes as últimas gotas que os permitiam viver. Não havia compaixão nem pelos velhos, nem pelas crianças.

 

Rebeldes se multiplicavam em busca de alimento. Quando viam uma casa fechada, era sinal que os ocupantes tinham conseguido comida.

Arrombavam as casas e usavam métodos espantosos de tortura para descobrir comida. Obstruíam a uretra da vítima com com grãos de legumes e trespassavam-lhes o reto com varas pontiagudas. Padeciam-se tormentos que espantam somente em serem descritos apenas para fazê-los confessar a posse de um pedaço de pão ou um bocado de farinha.

 

Rapazes e jovens vagavam pelas praças como espectros e caíam mortos onde a dor os colhesse. Não havia lamento nem choro por estas calamidades: A fome afogava os sentimentos, e os que lentamente morriam contemplavam com olhos secos os que morriam antes deles.

 

Segue o horripilante relato sobre Maria da aldeia de Batezor que mudou-se para Jerusalém meses antes do grande cerco e compartilhou de seus infortúnios. Movida pela fome que consumia-lhe a medula e as entranhas, lançou-se contra a natureza e tomou o seu filho, criança ainda de peito e matou-o. Depois assou-o e comeu a metade; o resto guardou escondido. Em seguida apareceram os ladrões e rebeldes e sentindo o cheiro do assado, ameaçaram degolar a mulher caso não lhes mostrasse o que tinha preparado. Ela então lhes disse que para eles tinha guardado uma boa porção e revelou-lhes o restante do seu filho. O horror e o pasmo acometeram os rebeldes na hora. Foi a única vez em que se acovardaram e que, de malgrado cederam à mãe tal comida. E entre os esfomeados havia pressa para morrer e uma certa inveja pelos que haviam morrido primeiro e não contemplaram tais horrores.

 

Finalmente, em 30 de agosto de 70 d.C Tito encerra o cerco e as tropas romanas invadem a cidade massacrando o restante da resistência e levando cativo os poucos sobreviventes. Na ocasião o Templo, foi destruído. O imponente Templo que por séculos foi motivo de orgulho para os judeus e sinal da presença de Deus entre eles, fora queimado e posto ao chão não ficando pedra sobre pedra como cumprimento de mais uma impressionante profecia de Jesus dita 40 anos antes do ocorrido:

 

   Jesus saiu do templo e, enquanto caminhava, seus discípulos aproximaram-se dele para lhe mostrar as construções do templo.
“Vocês estão vendo tudo isto? “, perguntou ele. “Eu lhes garanto que não ficará aqui pedra sobre pedra; serão todas derrubadas”.

Mateus 24:1,2

 

Somando o número total de mortos, Josefo diz que pela fome e pela espada pereceram um milhão e cem mil pessoas. Os jovens mais esbeltos e que se sobressaíam por sua constituição física foram reservados para a cerimônia do triunfo. O pouco restante foi disperso para os 4 cantos da terra.

 

Eusébio encerra dizendo que essa foi a recompensa dos judeus por sua iniquidade e rejeição para com o Cristo de Deus.

 

Relatos mais abrangentes e detalhados dessa guerra podem ser encontrados nos livros: “História dos Hebreus, publicado pela Cpad e “A   Guerra dos Judeus. História da Guerra entre Judeus e Romanos” da editora Sílabo.

 

Agora pensemos um pouco, se Israel, portador da primeira aliança, teve como consequência as terríveis calamidades por rejeitarem o concerto que culminaria na vinda do seu Cristo para libertá-los do jugo do pecado e da iniquidade imposto no Éden, quanto mais severo será o juízo com que será submetida a atual geração que está sob a nova aliança que foi selada com o sangue do próprio filho de Deus.

 

Vejam o aviso contido na Epístola aos Hebreus:

 

29- Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, que profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça?

30- Pois conhecemos aquele que disse: “A mim pertence a vingança; eu retribuirei”; e outra vez: “O Senhor julgará o seu povo”.

 

31- Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo!

Hebreus 10:29-31

 

Na última parte falarei sobre os Pastores, Bispos, Reverendos, Padres e demais líderes religiosos que enganam multidões com seus discursos sorrateiros e um falso evangelho. Pisam o sangue de Cristo, cauterizaram sua consciência, perderam o temor de Deus e levam consigo multidões de incautos para a perdição e desolação eterna. Obviamente que não estou generalizando, pois é certo que grande parte desses homens são verdadeiros e sinceros servos de Deus que doam sua vida em prol do reino, sendo realmente trigo na seara do Senhor, mas não podemos fazer vista grossa aos estragos do joio porque sua amplitude abrange consequências eternas por desviar muitos das veredas do evangelho e impedir outros tantos de encontrarem o caminho da salvação.