Desnudando o feminismo.
Parte 1.
Por uma boa e justa causa.
Ao estudar as origens e o desenvolvimento do feminismo na história, é possível reconhecer 2 fases distintas do movimento, também conhecido como as ondas do feminismo. Alguns estudiosos dividem o movimento em 3 fases ou 3 ondas, (Feminismo Liberal, Feminismo Marxista e Feminismo Pós Marxista). No entanto, considero que a terceira fase não se caracteriza por uma fase independente, mas sim um desdobramento e até mesmo uma evolução da segunda, por isso, considero mais didática e esclarecedora a divisão em duas fases.
Essas 2 fases ilustram bem as diferenças entre o movimento original e este que conhecemos hoje.
Sendo assim, para evitar as generalizações, que em quase 100% das vezes são equivocadas, e tendo acima de tudo, um compromisso com a verdade, é necessário, na busca por um texto imparcial e verdadeiramente informativo, identificar de forma clara as virtudes do movimento original e os problemas do feminismo contemporâneo.
As origens do feminismo podem ser remontadas aos séculos XV e XVI, o período de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna.
Mulheres e homens de grande saber e inconformados com a desigualdade de tratamento dado às mulheres na sociedade, começam a reivindicar acesso à cidadania por parte da mulher; o direito à participação política e o direito de acesso à educação, que, até então, era reservado somente aos homens.
Ares de mudanças começam a soprar, começando na esfera intelectual e mais tarde dando frutos na sociedade, principalmente na Europa.
Neste cenário, destacam-se as obras pioneiras que lançaram as bases da mudança na estrutura da sociedade moderna. Obras como a “A Cidade das Damas” de Christine de Pizan, escrita em 1405. No século seguinte, destaca-se a publicação de Cornelius Agrippa, “Da Nobreza e Excelência do Sexo Feminino” de 1529. Cerca de 100 anos depois, o Padre Du Boscq escreve “A Mulher Honesta”, em que defende a educação aberta ao público feminino.
Mas o trabalho considerado peça fundamental do feminismo de primeira onda é o livro “ Reivindicação dos Direitos da Mulher” da inglesa Mary Wollstonecraft, (1759-1797) centrado na igualdade de inteligência entre homens e mulheres e no qual ela advoga pela participação política da mulher, o acesso à cidadania, a independência econômica e a inclusão no sistema educacional.
Décadas depois, influenciado pelo livro de Mary Wollstonecraft, John Stuart Mill, filósofo e economista inglês, escreve sua obra, “A Sujeição das Mulheres” em que critica fortemente a desigualdade de direitos no regime marital de sua época, o qual concedia direitos legais sobre os filhos somente ao pai, alienava qualquer propriedade que por acaso a esposa tivesse em favor de seu marido e tornava a mulher praticamente uma posse dele. John Stuart fez mais do que escrever tal obra. Como deputado, levou o debate ao campo político, ao apresentar o tema na Câmara Legislativa de sua época. Também conhecida como Câmara dos Comuns. Depois de muita tensão política e social, finalmente em 1918 as mulheres inglesas tiveram acesso à cidadania e ao sufrágio universal.
Logo, a Europa seguiria o exemplo inglês, (potência mundial da época).
Observação: A Revolução Francesa (1789) trouxe uma manifestação do feminismo do qual pouco se conhece, quando um grupo de mulheres entende que foram excluídas da Assembleia Geral criada após a Revolução e então fazem suas reivindicações no chamado “Caderno de Queixas”.
Os desdobramentos disso requerem um artigo exclusivo.
Na América, os ventos de mudança deram suas primeiras rajadas em 1848 com a chamada “Declaração de Sêneca Falls em que Elizabeth Cady Stanton, convoca em uma capela da Igreja Metodista de Nova York uma reunião com a finalidade de estudar as condições e direitos sociais, civis e religiosos da mulher. Após a reunião, panfletos foram distribuídos com essa mensagem. Destacados políticos e pensadores americanos saíram em apoio à causa das mulheres. Homens como Abraham Lincoln e Ralph Emerson. Então, também em 1918, graças a um Congreso de maioria Republicana, foi aprovada a décima nona emenda, que tornou possível o voto feminino.
Antes do fim da segunda guerra, as mulheres conquistaram os direitos políticos na maior parte dos países industrializados. No pós-guerra, o voto feminino era universalmente reconhecido em todos os países de regime democrático.
Como foi possível ver, a primeira onda do movimento feminista foi um movimento de causa nobre e justa e que se preocupou em trazer à luz a fundamental igualdade e dignidade da mulher em relação ao homem e traduzir isso em direitos políticos e cívicos.
Homens e mulheres são diferentes biologicamente, mas totalmente iguais em valor e dignidade. A Bíblia ensina que homem e mulher foram criados para uma parceria plena e igualitária com responsabilidade conjunta de multiplicar a espécie e dominar sobre a criação com responsabilidade e sabedoria.
“Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.”
Gálatas 3:28
Já no início da criação, o Senhor deixa claro a equivalência de valor e dignidade entre o homem e a mulher.
Gênesis 2:18 diz:
“Então o Senhor Deus declarou: “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e LHE CORRESPONDA”.
A palavra traduzida por “lhe corresponda” é “Kenegdo” que tem o claro sentido de igualdade e suficiência.
Nesse sentido, a primeira onda feminista colaborou para a restauração dos propósitos originais de Deus para o homem e para a mulher.
O problema começou, quando a partir daí o movimento passou a receber a influência da luta de classes e deixou de representar verdadeiramente o direito das mulheres para tornar-se um capataz ideológico com resultados nefastos para a sociedade e também para as próprias mulheres.
O que veremos na segunda parte deste artigo.
Texto e Imagem por: Fábio Costa