Seção: Tocando na ferida.
Uma solene advertência bíblica e histórica aos líderes religiosos da atualidade.
(Estão brincando com fogo) E é fogo consumidor. (Hebreus 12:29)
Parte 1
A Igreja, principalmente no Ocidente livre, passa por uma crise sem precedentes. Uma mensagem adocicada e moldada ao gosto do freguês tem sido distribuída a toque de caixa por muitas denominações ditas cristãs.
Um evangelho fermentado e diluído que não exige renúncia tampouco mudança tem sido pregado e ensinado nesses locais. Evangelho morto, desprovido do poder divino transformador, mas cheio de mensagens adocicadas de autoajuda que destronam Deus e colocam o homem no centro. Um evangelho que não produz mais homens e mulheres verdadeiramente transformados e cheios do Espírito Santo, mas ao invés disso, produz clientes que pagam para ter o ego massageado enquanto permanecem confortáveis em seus pecados a caminho da eterna e irremediável perdição.
Muitas igrejas tornaram-se meras empresas tendo uma capa de religiosidade apenas como fachada.
E mesmo nos lugares em que a mensagem de Cristo permanece autêntica, tem sido frequente os escândalos de várias naturezas protagonizados por líderes que foram incumbidos por Deus para alimentar, guiar e edificar a sua Igreja. Escândalos que trazem vergonha à Igreja e endurecem ainda mais os corações dos não crentes. Prato cheio para os inimigos do Evangelho, tais escândalos são combustíveis aditivados para inflamar a difamação e a generalização dos insultos e acusações contra a Igreja em geral, trazendo angústia e constrangimento aos crentes fiéis e comprometidos com Cristo e sua palavra.
O pastor e evangelista norte americano, Paul Washer, disse com muita propriedade:
“Por causa dos bodes no meio das ovelhas, as ovelhas estão sendo acusadas de todas as coisas que os bodes estão fazendo”.
Por isso a importância do conhecimento da Palavra de Deus é algo que permeia todas as épocas. Aquele que busca conhecer com profundidade a revelação de Deus através da Bíblia não fica chocado nem surpreso com essas coisas, pois sabe que de antemão o Senhor da Igreja já nos tem avisado acerca disso. Na verdade, a corrupção, infidelidade e ingratidão por parte daqueles que receberam o privilégio e a reponsabilidade de levar a revelação divina ao mundo infelizmente não é incomum.
Mesmo considerando o fato de que Deus sempre preservou um remanescente fiel, desde os tempos de Israel o povo de Deus tem se deixado levar pelo esplendor e ilusões deste mundo, trocando a glória eterna por poder e privilégios terrenos e passageiros. Mas as consequências são pesadíssimas, até mais do que o homem pode suportar. Foi assim com Israel e certamente será assim com esses líderes de hoje bem como com aqueles que coadunam com suas práticas. Como veremos nesse estudo de 3 partes, a Bíblia e a história nos contam que Israel pagou um preço caríssimo, e certamente ainda pior será a consequência para aqueles que envergonham o sangue de Cristo nos dias de hoje, caso não se arrependam de seus atos hediondos. Paulo, o apóstolo, cheio do Espirito Santo, já alertava em sua carta aos crentes da Galácia:
“Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá”.
Para que tenhamos uma melhor compreensão da seriedade do recado para os líderes religiosos de hoje, é necessária a explicação dessa parábola contada por Jesus e registrada no Evangelho de Marcos a fim de entender um pouco mais a respeito da forma como o Deus bíblico se relaciona com os homens.
Eis o relato:
1-Então Jesus começou a lhes falar por parábolas: “Certo homem plantou uma vinha, colocou uma cerca ao redor dela, cavou um tanque para prensar as uvas e construiu uma torre. Depois arrendou a vinha a alguns lavradores e foi fazer uma viagem.
2-Na época da colheita, enviou um servo aos lavradores, para receber deles parte do fruto da vinha.
3-Mas eles o agarraram e espancaram, e o mandaram embora de mãos vazias.
4-Então enviou-lhes outro servo; e lhe bateram na cabeça e o humilharam.
5-E enviou ainda outro, o qual mataram. Enviou muitos outros; em alguns bateram, a outros mataram.
6-“Faltava-lhe ainda um para enviar: seu filho amado. Por fim o enviou, dizendo: ‘A meu filho respeitarão’.
7-“Mas os lavradores disseram uns aos outros: ‘Este é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo, e a herança será nossa’.
8-Assim eles o agarraram, e o mataram, e o lançaram para fora da vinha.
“O que fará então o dono da vinha? Virá e matará aqueles lavradores e dará a vinha a outros.
Explicando a parábola:
1- O dono da vinha é o próprio Deus.
2- A vinha simboliza Israel.
A fim de restabelecer o relacionamento perdido no Èden com o ser humano, Deus, de antemão preparou um plano de redenção para dar ao homem caído a oportunidade de restaurar a comunhão criatura/criador originalmente planejada e devolver à humanidade a possibilidade de acesso à vida eterna com o Senhor em seu reino. Então ele escolheu um homem chamado Abraão para que dele fosse formada uma nação para ser diferente das outras. A nação de Israel. Um povo separado para levar o nome do de Deus entre as demais nações da terra. Esse povo tinha um privilégio ímpar, porém uma responsabilidade da mesma envergadura. Deus os tirou com mão forte e sinais miraculosos da escravidão no Egito, deu-lhes a Terra Prometida e um conjunto de códigos civis e religiosos que os distinguiam das demais nações de maneira mui peculiar. Na primeira aliança de Deus com os homens, Israel era a vinha constituída para que desse frutos de justiça, mas falharam em seu primeiro chamado:
Convém mencionar a regra mais importante da Hermenêutica Bíblica (arte da interpretação da Bíblia) que é: “A Bíblia explica a própria Bíblia”.
O profeta Isaías confirma de forma clara o fato de Israel ser a vinha.
Veja em especial o versículo seis:
1- Cantarei para o meu amigo o seu cântico a respeito de sua vinha: Meu amigo tinha uma vinha na encosta de uma fértil colina.
2-Ele cavou a terra, tirou as pedras e plantou as melhores videiras. Construiu uma torre de sentinela e também fez um tanque de prensar uvas. Ele esperava que desse uvas boas, mas só deu uvas azedas.
3-“Agora, habitantes de Jerusalém e homens de Judá, julguem entre mim e a minha vinha.
4-Que mais se poderia fazer por ela que eu não tenha feito? Então, por que só produziu uvas azedas, quando eu esperava uvas boas?
5-Pois, eu lhes digo o que vou fazer com a minha vinha: Derrubarei sua cerca para que ela seja tranformada em pasto; derrubarei o seu muro para que seja pisoteada.
Farei dela um terreno baldio; não será podada nem capinada, espinheiros e ervas daninhas crescerão nela. Também ordenarei às nuvens que não derramem chuva sobre ela”.
6-Pois bem, a vinha do Senhor dos Exércitos é a nação de Israel, e os homens de Judá são a plantação que ele amava. Ele esperava justiça, mas houve derramamento de sangue; esperava retidão, mas ouviu gritos de aflição.
Isaías 5:1-7
3-Os servos enviados pelo dono da vinha (Deus) são os profetas.
Israel nunca conseguiu se manter fiel ao pacto realizado entre Deus e a nação no Monte Sinai.
Foram séculos de alternância entre períodos de fidelidade e longos períodos de desobediência, ingratidão, idolatria, injustiças diversas e abominações cometidas em cultos a demônios, incluindo sacrifícios humanos. Então Deus levantou profetas dentre os remanescentes fiéis para pregar a mensagem de arrependimento e correção de rumos. Esses profetas foram perseguidos e maltratados. Muitos deles foram mortos por causa de suas mensagens a um povo de coração endurecido. Zacarias foi morto apedrejado entre o altar e o templo. A tradição diz que Isaías foi serrado ao meio a mando do Rei Manassés. Muitos deles foram mortos por dizerem a verdade a um povo que vivia na mentira e se negava a aceitar a oferta de reconciliação de Deus.
Jesus confirma isso no registro de Lucas:
34 – “Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedrejas os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram!
4 – O filho amado enviado pelo dono da vinha é Cristo.
Lembremos que a Bíblia explica a própria Bíblia.
Gálatas 4. 4-6 diz:
4-Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei,
5-a fim de redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos.
6-E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus corações, o qual clama: “Aba, Pai”.
Gálatas 4:4-6
Mas da mesma forma que fizeram com os profetas, maltrataram e mataram o Filho de Deus que fora prometido desde a queda no Éden.
Os líderes religiosos Judeus, esquecendo-se do grande privilégio que tiveram ao ser a nação escolhida por Deus para leva o seu nome, deixaram a avareza, o engano e a soberba invadir o seu coração. Os cargos eclesiásticos nada mais eram para eles do que uma forma estratégica de angariar prestígios e privilégios. Jesus, que conhecia as profundezas do seu coração, denunciava-os sem cerimônia na frente de todo o povo:
5- “Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens. Eles fazem seus filactérios bem largos e as franjas de suas vestes bem longas;
6- gostam do lugar de honra nos banquetes e dos assentos mais importantes nas sinagogas,
7- de serem saudados nas praças e de serem chamados ‘rabis’.
Obs: Rabi significa mestre em hebraico.
Mateus 23:5-7
Tornaram-se corruptos e corruptores, pois usando de sua grande influência, incitaram o povo a pedir a soltura do assassino Barrabás e aos berros exigir a crucificação de Cristo perante Pilatos.
Então o privilégio e a responsabilidade de serem porta vozes da verdade revelada por Deus nas Escrituras lhes foi tirado.
Jesus mesmo disse a eles:
“Portanto eu lhes digo que o Reino de Deus será tirado de vocês e será dado a um povo que dê os frutos do Reino.
Mateus 21:43
Hoje esta responsabilidade está sobre a Igreja. Quando falo de Igreja, não me refiro a nenhuma denominação ou placa em específico. A Igreja bíblica é uma reunião das pessoas de todas as nações que são verdadeiros discípulos de Cristo, passaram pelo novo nascimento e receberam o Espírito Santo conforme prometido por Jesus. Necessário um artigo á parte para maiores explicações.
Deus não abandonou Israel. O cuidado de Deus para com os descendentes de Abraão é notório em toda a história conhecida.
Se não fosse esse cuidado, Satanás a muito já teria exterminado tal linhagem. Tentativas não faltaram. Holocausto e pogroms que o digam, para ficar só nas mais recentes. Mas isso também requer um artigo próprio e também não é o foco desse estudo.
Tendo em vista o fiel e amoroso caráter de Deus, Ele não abandonou Israel, mas duras foram as consequências da corrupção dos líderes religiosos que culminou na rejeição da Aliança feita com Deus, ao conspirarem para matar Jesus, traindo assim o seu chamado como nação escolhida.
Não esqueci que o título do post é uma advertência aos líderes religiosos da atualidade, mas para um melhor entendimento do perigo e seriedade do assunto eu espero deixar claro que toda vez que Deus coloca algo nas mãos de alguém, isso implica em privilégios, mas também responsabilidades.
Na segunda parte deste estudo veremos os registros do historiador Eusébio de Cesaréia, a respeito dos horrores que sobrevieram aos Judeus como consequência da rejeição ao Cristo de Deus.
Por: Fábio Costa